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Como o açaí brasileiro conquistou o mercado internacional

A cultura brasileira sendo tão rica e plural, tem o privilégio de ter inúmeros personagens que são marcantes na população. Esse é o caso do Açaí que, inicialmente na culinária, vimos, nos últimos anos, seu consumo aumentar de forma exponencial.

Mas por que esse consumo vem aumentando tanto nos últimos anos? Inúmeros fatores e até mesmo pessoas contribuíram para que este ícone da cultura paraense conquistasse espaço no mercado internacional. Antes de chegar neste ponto, é interessante conhecermos um pouco da origem deste fruto tão versátil.

A esmagadora maioria do açaí consumido no mundo vem do estado do Pará, e em segundo lugar, do Amazonas, ambos da região Norte do Brasil. Mas por que será?

Os dois estados possuem solos semelhantes, mas a diferença significativa que desponta o Pará como maior produtor é a questão da pluviosidade: o açaí exige um ambiente úmido e de intensa chuva.

E, apesar de ele ter se popularizado como sobremesa, o local onde ele é extraído e mais consumido tem outro tratamento, em que é servido como acompanhamento de farinha ou até mesmo camarão, bem diferente do que moradores do sudeste e sul conhecem.

E, pelo fato de ser consumido com farinha e ter um alto teor calórico, serviu como principal alimento para as pessoas mais pobres da região. O açaizeiro ainda é capaz de fornecer o palmito, outro alimento consumido pelos habitantes da região.

A versatilidade do açaí como chave de seu sucesso

Não é à toa que o açaí é chamado de ouro roxo da Amazônia. Do açaí é aproveitado tudo, sendo considerado como um dos integrantes da produção sustentável, onde todos os seus componentes, mesmo após extraído o fruto são aproveitados, gerando uma economia paralela à extração do açaí propriamente dito.

Além disso, segundo um estudo conduzido pela Universidade Federal do Pará, o açaí possui fortes poderes anticolesterol. E não para por aí. Em artigo publicado no Jornal Internacional de Ciências Cardiovasculares, em tradução literal, mostrou que, por ter uma composição rica em vitamina E, fibras e antocianinas, melhora a vasodilatação e a função vascular.

E seus benefícios ultrapassam as barreiras não somente alimentares. Atualmente ele é usado também na indústria cosmética, criando assim um novo mercado, devido a suas propriedades.

E uma pesquisa de 2004 da Universidade de São Paulo concluiu que ele é um excelente contraste natural para exames de ressonância de abdômen.

A importância para a economia

Segundo dados da Associação Brasileira de Franquias, o número de franquias de açaí abertas no segundo semestre de 2017 obteve um crescimento de 200% nos quatro anos anteriores.

Isso se deve pelo fato da popularização do açaí que se configurou nos últimos 20 anos, com empresas que passaram tanto a comercializar a polpa da fruta, como servi-lo como sobremesa no sudeste do país, criando assim toda uma cadeia produtiva e gerando inúmeros empregos.

No Sudeste, por exemplo, não é necessário ir muito longe para encontrar uma lanchonete ou sorveteria que sirva açaí, servindo de encontro com os amigos.

E falando em empregos, como já mencionado neste artigo, o fruto amazônico faz parte da produção sustentável e, no Pará e Amapá, sua extração é fonte de renda para os ribeirinhos, gerando diretamente 25 mil empregos e 40 milhões de reais em receita anual.

Açaí. (Imagem: Saidis/Pexels)

Esses ribeirinhos, por sua vez, aproveitam todas as partes, e usam suas folhas e caroços para confeccionarem as chamadas “joias da floresta”, brincos e colares feitos pelos moradores da região que são vendidos a turistas nacionais e estrangeiros.

A extração e comercialização de Açaí gera à economia paraense US$ 1,5 bilhões, segundo o Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados.

O começo da popularização

O sabor amazônico é muito peculiar, diferente, principalmente para outros países. E isso, nos anos 2000, era uma barreira para introduzir o fruto no mercado internacional. Foi quando Ben Hur Borges, um engenheiro agrícola, teve a perspicácia de misturar o açaí com outro fruto amazônico para adaptá-lo ao paladar estrangeiro: o guaraná.

Criando a polpa do açaí com guaraná, a iniciativa deu tão certo que hoje, os Estados Unidos é o maior comprador de Açaí do Brasil, correspondendo de 2017 a 2018, a 40% das exportações do Pará, com mais de mil toneladas.

No início dos anos 2000, a produção de açaí era de apenas 120 mil toneladas. Observando esse dado, vemos o quanto a produção de açaí cresceu nos últimos anos, ofertando atualmente mais de 1 milhão de toneladas, aumento de cerca de 733%.

60% da produção mundial do açaí é consumida no Pará – devido ao aspecto forte da cultura local no consumo da fruta – e apenas 10% é exportado.

Isso nos mostra o enorme potencial que o Açaí tem de exportação, visto que somente uma pequena parcela é vendida a outros países, como Estados Unidos, Japão e Austrália formando o top3. Confira mais detalhes sobre os principais países no artigo “Açaí: conheça a rota internacional do ouro roxo amazônico“.

E ainda que o Açaí é bem recebido em diferentes culturas, principalmente se considerarmos a asiática, que possui características próprias muito diferentes das do Brasil.

Em artigo publicado na revista Exame, podemos conhecer um personagem importante na popularização do açaí, tanto no sudeste do Brasil, como no exterior.

A família Gracie, de Belém do Pará, que são lutadores de jiu-jitsu, popularizaram seus costumes do norte, inclusive o açaí, por onde passavam.

Logo, o açaí, que fazia parte da dieta dos esportistas, se popularizou nas praias do Rio de Janeiro, onde a família morava. Depois disso, logo a fruta amazônica conheceu os Estados Unidos, quando em 2000, dois surfistas americanos se interessaram e levaram a polpa para vender nas praias de Los Angeles.

O astronômico crescimento da exportação de açaí

Agora que o açaí já estava introduzido no mercado internacional, chegou a hora de popularizar por lá também.

Segundo a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e derivados, de 2011 a 2020 a exportação de açaí teve um crescimento astronômico de 14.380%, saltando de 41 toneladas para 5.987 toneladas no ano passado.

Se compararmos dados mais recentes, de 2019 a 2020, a exportação de açaí teve um crescimento de 51%, mesmo com a crise global causada pela pandemia da covid-19.

A demanda por açaí no mercado externo está tão alta, que mesmo com a exponencial alta na produção – concentrada 90% no Pará, é falado pela Associação a “crise do açaí”, mesmo com a exponencial alta na produção.

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